segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

O culto ao ódio

Em época de BBB crescem a um número exponencialmente grande as mais diversas críticas sem pé nem cabeça sobre o reality show. O argumento basilar de boa parte delas é que o programa é totalmente destituído de cultura, e quem assiste é, portanto, fútil e totalmente aculturado.
O que se vê na verdade não é isso. Essa parcela aculturada e fútil que assiste ao reality, paga pelo pay per view, vota e se descabela quando o preferido é eliminado do programa na verdade é só uma parte de um quadro maior.
O BBB é um programa popular que, de verdade, não acrescenta nada ao intelecto humano. Mas ele não é a única fonte de cultura que um homini sociallis tem. Assistir ao reality não te torna burro, só não te faz crescer.
A nossa sociedade "evoluiu" de um modo tão desenfreado e desordenado do ponto de vista educacional e moral que, apesar de muito diferentes, também somos muito iguais. Daí uma necessidade crescente de ser (ou tentar ser, pelo menos) diferente.
E essa visão não se restringe apenas ao BBB. Boa parte dos grandes sucessos atuais - seja a novela das oito ou  a versão inglesa do hit do Michel Teló - recebem uma crítica violentamente desrespeitosa. Sou do ponto de vista do "faz melhor então"; acredito que o mínimo que deve haver é respeito. Se o indivíduo é reconhecido por milhares de pessoas pelo seu trabalho é porque ele é um mínimo de bom no que faz (você gostando dele ou não).
Esse culto ao ódio desgasta uma sociedade que, há muito, vem cavando um buraco cada vez mais fundo e arrastando tudo consigo. Desgasta porque a cada dia que passa temos mais medo de compartilhar quem somos com o resto do mundo; nem parece uma democracia. Temos receio de sermos rejeitados, excluídos e ignorados e, com isso, vamos lentamente desaprendendo a conviver em grupo.
Aquela música "cada um no seu quadrado", apesar de se encaixar perfeitamente à situação contemporânea, deve deixar de fazer sentido. Nosso quadrado é muito maior do que pensamos ser; dividimos ele com mais 7 bilhões de homo sapiens sapiens que, a julgar por nós mesmos, compõem a raça mais evoluída da natureza. Mas e essa evolução toda, cadê?

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