domingo, 11 de dezembro de 2011

O desinteresse dos jovens com relação aos estudos é preocupante, e se ilude aquele que acredita que só os menos abastados é que se desinteressam.
Os adolescentes das classes A e B, estudantes de colégios particulares bons e caros, geralmente encontram as melhores oportunidades de receber uma educação suficiente para ingressar em instituições renomadas do ensino superior - vamos esquecer por um momento o sistema de cotas.
É de se esperar que, em um momento de crise financeira mundial, de desemprego e de uma distribuição de renda injusta, esses jovens estudem a todo o vapor para não precisar economizar cada centavo na hora de comprar pão na padaria. Mas nem sempre isso acontece. Hoje em dia, uma fatia grande desse grupo não se dedica, não corre atrás e não se importa. Para eles o que vale é quantas horas você passa no boteco por semana e quantas garrafas de bebida deve levar para o esquenta na casa do amigo; e está tudo certo em fazer isso mesmo que você tenha uma dúzia de trabalhos pra entregar no dia seguinte.
Nesses tempos líquidos, o tempo de lazer do jovem se sobrepõe - em nível de interesse - ao do trabalho e do estudo. Não vivenciaram guerras mundiais, recessões econômicas, ditadura militar, corte de gastos, confisco de dinheiro privado e uma série de outros apertos que a geração X e os baby-boomers sofreram, e talvez seja bem por isso que achem um pé no saco quando seus pais os colocam de castigo por não estudar.
Mas veja bem, não estou defendendo com todas as forças aquelas pessoas que passam o tempo todo estudando e se privam de lazer; a vida precisa de equilíbrio em todas as suas faces, incluindo essa.
É muito triste ver jovens se embebedando e vomitando nas portas das baladas em plena madrugada de sábado por achar que estão sendo mais aceitos em seus grupos sendo assim. Ou porque acham que bebendo ficam mais alegres e suas noites, mais divertidas. E tudo bem, tudo isso parece mesmo um velho discurso que todo pai deve ter proferido ao seu filho ao menos uma vez na vida, mas ele faz sentido e quase ninguém escuta.
As pessoas não ficam mais inteligentes da noite para o dia. Não conquistam um trabalho invejável sem esforço. Não conquistam um padrão alto de vida sentadas no boteco reclamando da quantidade enorme de matéria que devem estudar. Elas conquistam isso sendo pró-ativas, entendendo que mesmo as coisas mais chatas que são obrigadas a estudar e memorizar vão ajudá-las. Não, não é o exercício impossível de química que vai torná-lo uma pessoa de sucesso. Mas é ele que vai ajudar o seu raciocínio a ficar mais rápido, que vai fazer seu cérebro entrar em ação e, aí sim, fazê-lo mais inteligente.
Não é só a inteligência proveniente dos estudos escolares que vai, porém, deixá-lo maduro. É entender e compreender o que há por trás de cada tarefa e de cada atitude. Boa parte dos jovens despreocupados da nossa sociedade só perceberão a importância disso tudo depois. Alguns vão dar sorte na vida, conseguir uma posição confortável na presidência de uma empresa famosa e, desse modo, nunca vão perceber os erros que cometeram quando jovens. Outros não. E é dessa parcela pequena que devemos ter orgulho e torcer para que esses sim, sejam o futuro do nosso país.
Sonhar é bom.