sexta-feira, 22 de julho de 2011

O conceito de comunidades de amizade se relaciona com os vínculos psíquico-espirituais que dois sujeitos estabelecem entre si a ponto de, o importante, ser a plena realização da alteridade. De outro lado temos, somente para efeito de comparação, o conceito de sociedade passando pela união de pessoas com interesses em comum, não necessariamente estabelecendo quaisquer vínculos profundos além da entropatia e da percepção. As asserções que podemos fazer hoje em dia, no terreno da amizade, convergem não para a definição de comunidade sólida mas para a de uma sociedade fugaz.
Há cada vez menos preocupação, dedicação e solidariedade com o próximo em um sentido plenamente satisfatório. Na realidade, vestimos uma máscara a fim de maquilar todas essas ações em virtude daquele medo já citado de nos relacionarmos em um plano mais profundo.
Do ponto de vista exclusivo da amizade, a pós-modernidade é marcada por uma tendência em colecionar amigos como se fossem figurinhas de um álbum da copa do mundo: quanto mais, melhor. Mas cada vez mais deixamos de nos vincular psíquico-espiritualmente, buscando tão somente a intersecção de interesses que possamos compartilhar. A amizade, atualmente, "nasce no momento em que uma pessoa diz para a outra 'O que? Você também? Pensei que eu era o  único"¹ e não mais na troca árdua de ideias e no debate de opiniões e pontos de vista. Não que esse tipo de relacionamento não aconteça, mas está se tornando mais e mais raro e substituído por uma rede supérflua de contatos.
O fluxo constante de pessoas e a dissolução das fronteiras naturais, causadas pelo processo negativo da globalização, contribui para a fluidez das amizades contemporâneas. Pessoas vem e vão, não nos apegamos com a maioria das com quem convivemos e nem precisamos.
Onde está o sentido da velha máxima que diz devermos "amar uns aos outros" se estamos involuindo ao ponto de apenas nos conectarmos com a alteridade?
Será que vamos deixar de pensar como mercadorias e resgatar as velhas comunidades, pensando como pessoas?  





¹ C.S Lewis

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